quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Aprendendo e partilhando...

Hoje foi um dia diferente... Um dia de partilhas e de aprendizagens!
Hoje a minha coordenadora de loja, esteve comigo... veio saber como tudo anda por aqui, em Tomar!
Foi bom tê-la por cá! Porque às vezes é bom ouvirmos determinadas coisas, é bom saber que somos válidos e que até nos estamos a desenrascar...
Acima de tudo foi um dia de conhecimento e de partilha. E como às vezes isso é tão dificil!
Por outro lado, um amigo especial hoje pareceu-me triste. Apesar de ele querer negar, senti-o triste. É aquelas coisas que se sentem, não se sabe porquê, mas sente-se. Também já foi assim com o Beto.
Queria ter-lhe dado um abraço bem apertado, não foi possivel. Talvez ainda lhe possa dar...
Voltando ao inicio.
Hoje partilhei sobre a minha experiência pós-licenciatura. Os trabalhos por onde estive, a viagem que fiz até Angola, a que ficou por fazer até à Turquia. A necessidade de ter que ficar em casa, junto do meu pai. Os momentos vividos à um ano. O antes, o durante e depois da sua morte. Aquilo que senti, as vezes que chorei e o momento que percebi que já não havia nada a fazer, que ele já não voltava.
Recordei tantos momentos que as lágrimas parece que andaram a baloiçar... mas não chegaram a cair...
Enfim, foram tantas as vivências que me construiram enquanto pessoa, que me constroem. Foram e ainda serão tantas mais... porque nada, absolutamente, nada do que experiencio é deitado fora. Tudo guardo, porque só assim me posso ir transformando para melhor, espero eu!
Às vezes o caminho não é o mais direito, antes pelo contrário é bem sinuoso.
Assim, me encontro eu, numa estrada cheia de curvas e contra-curvas.
Enfim, tomara eu não me despistar!
Agora, queria apenas dar aquele abraço...

domingo, 15 de novembro de 2009

Vagueando...

Hoje a estrada é sinuosa, curvas e contra curvas me fazem balançar em meu caminho.
Hoje como que embato na montanha e caio no precipício que diante de mim aparece.
Hoje parece que não sou eu... que existem dois eus que me dominam e me querem levar em caminhos opostos.
Hoje desço à terra e me deparo com as minhas fraquezas e as minhas necessidades... deparo-me com meu pequeno ser... deparo-me com aquilo que sou!
Sinto-me como um barco à deriva em alto mar... que perdeu o leme no meio da tempestade... essa mesma tempestade que lá fora faz tudo abanar  e estremecer... Sou assim um barco perdido, que vagueia ao sabor do vento, sem saber para que lado ele a vai levar.
Sou barco que quer chegar a terra firme, mas parece que antes terá atracado em alguma ilha deserta e quiçá paradisíaca.
Nessa ilha o sol parece brilhar. O céu está azul. A tempestade parece ter amainado. Não existe mais nada na ilha a não ser eu e o meu barco.
Lá ao fundo parece vir de novo uma nuvem negra. O receio de nova tempestade aumenta. O medo instala-se em mim e apetece-me esconder no interior da ilha, de modo a não ser encontrada.
O céu azul outrora precedido da tempestade, parece querer-se manter mais um pouco...
Mas por quanto tempo?! Qual será a duração desta bonança?!
E devo eu aventurar-me no mar ou mantenho-me em terra?!
Por agora continuo no mar. As velas do meu barco estão baixas, porque não tenho força para içá-las...
Se luto contra a tempestade que ai vem, não sei...
Aproveitar o momento para mim pode ser muito tempo e pode ser um momento com demasiadas marcas...
Volto à ilha!
Hoje apetece-me ficar lá!
Parece-me ser um lugar tão bom para estar ainda que não saiba se é o mais seguro.
Agora apetece-me estar lá!
Quando vier a tempestade, logo se vê!
Por agora aqui estou...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

E porque não?!

Sinto que me encontro num caminho sem regresso.
Coloco em causa os meus principios e deixo-me levar somente pelos desejos.
Cada vez mais procuro encontrar aquele que me completa, mas parece-me tão impossivel encontrá-lo.
Ao invés disso, cedo às pressões que sobre mim fazem... É tão estranho isto!
Logo eu que sou tão certinha! Ou melhor era...
Vejo-me como que dividida entre dois mundos... Para variar entre o Certo e o Errado!
Aliás desde sempre, é esta a interrogação que o Homem se coloca.
O que é certo e o que é errado!
Mas e se tudo o que eu vivo, tivesse mesmo que viver para me construir enquanto pessoa?!
Porque será que de alguma forma não sinto culpa do que faço, porque sinto que precisava de o fazer?!
Porque sinto eu que precisava de partir a loiça para descobrir do que sou capaz!
Por outro lado, se paro para pensar, é como que me afundar num abismo...
O que é bem e o que é mal?
Já no inicio da humanidade foi esta a questão que se colocou e foi por Adão ter descoberto o que era o mal, que entrámos no pecado original.
E agora?!
Continuo ou paro?! Vivo ou morro?!
Viver no limite do perigo é daquelas sensações que nem sempre se tem, mas quando se tem parece que se ganha o gosto...
Aventura, não passa disso mesmo de uma aventura!
Mas e quais são os seus contornos?
Quais as suas consequências?
Apetece-me jogar ao verdade ou consequência...
Qual das duas prefiro não sei, porque depende da situação... Hoje se calhar a consequência, o risco...
Afinal, e porque não viver isto?!


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Um ano depois

O meu pai partiu há um ano!
Em mim ficou o vazio, a saudade e a certeza de que nada mais ia voltar a ser igual.
Ao longo destes meses, fui partilhando algumas das coisas que ia sentindo, que ia precisando desabafar!
Descrevi num outro web-espaço (hi5) o que sentia neste passar de ano... Não quero mais falar do mesmo, por agora.
No entanto, não posso deixar de lembrar que há um ano, quando passou um ano sobre o falecimento da mãe do Alberto, escrevi um texto em sua homenagem. Ao escrevê-lo senti como meu... como se também fizesse todo o sentido para mim... por isso agora coloco entre parênteses PAI.
Vou partilhá-lo aqui, na integra, porque ainda continua a fazer todo o sentido!
A todos os que partilham e partilharam comigo estes dias OBRIGADA!

"Fazes-me falta!
Faz-me falta o teu carinho, a tua ternura e aconchego de Mãe! [Pai]
Faz-me falta…
Cada hora, minuto e segundo que não passei contigo!
Faz-me falta o abraço, a palavra…
Enfim, fazes-me falta Mãe! [Pai]
Partiste, assim, sem dizer nada…
Deixaste-me … órfão de ti…
Fazes-me falta!
Foram tantas as duvidas… as questões que coloquei por não perceber porquê…
Por não perceber porque Ele te apartou de mim…
Mas agora… agora sei que estás com Ele, com o Senhor da Vida!
Sei que Ele te levou de mim, mas tu continuas aqui… como estrela brilhante que me guia…
Não quero questionar o porquê, porque as razões do Pai, só Ele conhece…
Quero sim dizer-te, que me fazes falta… que nos fazes falta…
Porque sem ti tudo é diferente…
Mas, guardo-te no meu coração e sei que és como a Estrela Polar, que junto com o Pai me hão-de guiar até à eternidade… até ser feliz!
Obrigado MÃE! [PAI]
Fazes-me falta…


Abraço muito apertado…
A. M. L.
21 de Setembro de 2008"


Volto a considerar que o texto era para o meu querido Beto... uma homenagem à mãe dele, e que hoje também faço ao meu pai...
Obrigada!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ama-me tal como és...

«Eu, teu Deus, conheço a tua miséria, os combates e as tribulações da tua alma, a fraqueza e as enfermidades do teu corpo; conheço a frouxidão, os teus pecados, as tuas falhas; mesmo assim, eu te digo: “Dá-me o teu coração, ama-me tal como és”. Se esperas ser um anjo para te entregares ao amor, nunca me amarás. Embora tornes a cair muitas vezes nessas faltas que desejarias nunca conhecer, embora sejas indolente na prática a virtude, não te permito que não ames. Ama-me como és. Em cada instante e em qualquer situação em que te encontres, no fervor ou na aridez, na fidelidade, ama-me tal como és. Quero o amor do teu coração indigente. Se, para me amares, esperas ser perfeito, nunca me amarás. Meu filho, deixa-me amar-te, eu quero o teu coração.»

«Tenho o cuidado de te formar mas, entretanto, amo-te como és. E desejo que faças o mesmo; desejo ver, no fundo da tu miséria, subir o amor. Em ti, até amo a própria fraqueza. Amo o amor dos pobres. Quero que, da tua indigência, continuamente se eleve este grito: Senhor, eu vos amo. É o canto do teu coração que Eu procuro. Acaso necessito eu da tua ciência e dos teus talentos? Não são as virtudes que eu te peço; e, se eu tas concedesse, tão fraco como és, em breve se lhes juntaria o amor próprio. Não te perturbes com isso. Poderia destinar-te para grandes coisas. Não, tu serás o servo inútil; tomar-te-ei até o pouco que tens, pois te criei para o amor. Ama! O amor te levará a fazer tudo o resto, sem que penses nisso; procura apenas preencher o momento presente com o teu amor. Hoje, estou à porta do teu coração, como mendigo, Eu, o Senhor dos Senhores. Bato e espero; apressa-te a abrir-me a porta, não alegues a tua miséria. Se tu conhecesses perfeitamente a tua indigência, morrerias de dor. A única coisa que poderia ferir-me seria ver-te duvidar e perder a confiança. Quero que penses em Mim em todas as horas do dia e da noite; não quero que admitas a acção mais insignificante por um motivo que não seja o amor. Quando tiveres de sofrer, dar-te-ei a força necessária. Tu me deste amor, eu te concederei amar para além de tudo o que poderias sonhar. Mas lembra-te: ama-me tal como és. Não esperes ser um santo para te entregares ao amor, senão, nunca amarás».

Autor desconhecido, in “Se tu soubesses o dom de Deus”
Este texto retirado do livro "Se tu soubesses o dom de Deus" é belíssimo!
Está dividido em duas partes, porque a primeira faz parte integrante do capitulo, e a segunda é apresentada em nota de rodapé, mas é um texto único.
Deus ama-nos e isso nos deve bastar!
25 Agosto 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Os Cristãos no Mundo

Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem pela pátria, nem pela língua, nem por um género de vida especial. Efectivamente, eles não têm cidades próprias, não usam uma linguagem peculiar, e a sua vida nada tem de excêntrico. A sua doutrina não procede da imaginação fantasista de espíritos exaltados, nem se apoiam, como outros, em qualquer teoria simplesmente humana.
Vivem em cidades gregas ou barbaras, segundo as circunstâncias de cada um, e seguem os costumes da terra, quer no modo de vestir, quer nos alimentos que tomam, quer em outros usos; mas a sua maneira de viver e sempre admirável e passa aos olhos de todos por um prodígio. Cada qual habita a sua pátria, mas vivem todos como de passagem; em tudo participam como outros cidadãos. Mas tudo suportam como se não tivessem pátria. Toda a terra estrangeira é sua pátria e toda a pátria lhes é estrangeira. Casam-se como toda a gente e criam os seus filhos, mas não se desfazem dos recém-gerados. Participam da mesma mesa, mas não do mesmo leito.
São de carne, mas não vivem segundo a carne. Habitam na terra, mas a sua cidade é o Céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas pelo seu modo de vida superam as leis. Amam toda a gente e toda a gente os persegue. Condenam-nos sem os conhecerem; conduzem-nos à morte mas o número dos cristãos cresce continuamente. São pobres e enriquecem os outros; tudo lhes falta e tudo lhes sobra. São desprezados, mas no desprezo encontram a sua glória; são caluniados, mas transparece o testemunho da sua justiça. Amaldiçoam-nos e eles abençoam. Sofrem afrontas e pagam com honras. Praticam o bem e são castigados como malfeitores; e, ao serem executados, alegram-se como se lhes dessem a vida. Os judeus combatem-nos, como estrangeiros, e os pagãos movem-lhes perseguições; mas nenhum dos que os odeiam sabe dizer a causa do seu ódio.
Numa palavra os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo. A alma encontra-se em todos os membros do corpo; os cristãos habitam estão em todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo, mas não provém do corpo; os cristãos habitam no mundo, mas não são do mundo. A alma invisível é guardada num corpo visível; os cristãos vivem visivelmente no mundo, mas a sua piedade permanece invisível. A carne, sem ser provocada, odeia e combate a alma, só porque lhe impede o gozo dos prazeres; o mundo, sem ter razão para isso, odeia os cristãos precisamente porque se opõem aos seus prazeres.
A alma ama o corpo e os seus membros, mas o corpo odeia a alma; e os cristãos amam aqueles que os odeiam. A alma está encerrada no corpo, mas contém o corpo; os cristãos encontram-se detidos, no mundo como num cárcere, mas são eles que contem o mundo. A alma imortal habita numa tenda mortal; os cristãos vivem como peregrinos em moradas incorruptíveis, esperando a incorruptibilidade dos Céus. A alma aperfeiçoa-se com a mortificação na comida e na bebida; os cristãos, constantemente mortificados, multiplicam-se cada vez mais. Tão nobre é o posto que Deus lhes assinalou, que não lhes é possível desertar.
Da Epistola a Diagneto (séc. II)
Hoje quis partilhar este belíssimo texto do século II.
E como ainda hoje faz tanto sentido...

domingo, 16 de agosto de 2009

10 meses...

Hoje passam dez meses...
Inúmeras coisas, recordações me veem à memória. Principalmente, porque este é um mês cheio de significado. Ontem, os meus pais fizeram 32 anos de casados e daqui a uma semana inicia-se a festa anual cá da terra. Há um ano atrás, o meu pai ainda carregou com o andor na procissão... Enfim, foi a despedida dele... Eu senti-o e chorei-o... Também, neste mês é altura de apanhar a pêra e foi isso que andámos a fazer hoje... Há um ano andou lá o pai!
É impressionante como o tempo voa!
Parece que foi ontem, que estivémos todos reunidos em família no inicio da festa e agora nada! Absolutamente nada!
Espero estar bem longe daqui a uma semana... Saber que nunca mais posso cá estar com o Pai é muito complicado para mim. Ele era o único elo de ligação que tinha a esta bendita terra... Agora, nada mais é igual... Sou uma estranha por aqui... Porque os mais velhos, também sei que não estarão muito mais tempo!!!
E se pudesse desligar o botão e rebobinar a k7 para trás?!
Não! Não é de todo possível parar a vida, quando ela avança avassaladoramente sem parar em direcção ao desconhecido...
Mas, pronto, ao mesmo tempo vão aparecendo novos elementos na família!
Mais um gato... chama-se Tarouco e apareceu por cá quando os tios e a prima cá estiveram. Hoje foi juntar-se ao Patusco. Vamos lá ver como vai ser a convivência!
E assim tenho que continuar... mas custa!
Dez meses...

CS-CDV, 15 Agosto 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

... aqui...

Aqui estou!
Sinto-me perdida, como se nada mais fizesse sentido...
Mentalizo-me que tenho que fazer o trabalho da faculdade. Mas onde está a vontade de fazê-lo?!
Há-de vir! Tenho é que querer muito, mesmo muito.
Sinto-me perdida e só, num sitio que não me pertence... num quarto que não é o meu!
Faz-me falta a minha casa, os meus amigos... não vislumbro que aqui seja fácil fazê-los...
Sinto que o tempo passa e eu não faço o que devia fazer... Sinto que o tempo avança e que eu continuo na mesma...
A minha prima foi-se embora à três dias... Ao fim de 12 anos teve de novo em Portugal! Foi bom para matar saudades que por aqui andavam. Mas inevitavelmente, conversou-se sobre o assunto tabu: FILHOS!
Sim, porque quer ela, quer o meu irmão já estão na idade de dar continuidade à família... E, claro está, chegou a mim o assunto...
Ora como posso eu pensar nisso, se não tenho pai para eles...
Enfim, o tempo avança e cada vez menos vislumbro esse fim para mim...
Queria apaixonar-me e seguir a minha vida... mas a minha cabeça fica a pensar se não terá já encontrado a pessoa?!
Poderá ser?! Como pode se não sei de nada, absolutamente nada...
Aliás, não sei eu, nem ele... Pois, as ultimas mudanças da minha vida tem ficado restritas à família e alguns poucos amigos e ele não foi contemplado!
Porquê?! Porque quis assim, porque quisemos assim...
É verdade, que digo muitas vezes que não me ralo nada com isso, mas o certo é que fica aqui dentro de mim, esta preocupação, esta sensação de ficar para sempre só!
Posso estalar os dedos e voltar atrás? Não me parece...
Enfim, tenho coisas mais importantes para me preocupar... a sério...
Já passam três meses desde que aqui estou e sinto que ainda não fiz metade do que queria ter feito...
Tenho mesmo que me aplicar... decididamente... a todos os níveis...
E já passaram 9 meses... também isso parece que foi ontem...



terça-feira, 16 de junho de 2009

...240 dias...

E assim passa mais um mês!
Passam oito meses...
Cada vez mais começo a perceber que é verdade, que já não há volta a dar...
Sim, bem sei que a esta altura já o devia saber, mas cá dentro parte de mim ainda não quer acreditar... ainda quer guardar a ideia de que está vivo...
Sim, bem sei que está vivo em espírito... mas parte de mim quer acordar do sonho e perceber que foi apenas isso, um sonho... quer acreditar, que nunca atendeu o telefone a 15 de Outubro de 2008 e do outro lado lhe disseram que o pai tinha falecido...
Hoje apetece-me chorar e não sei bem porquê... sinto-me triste e sozinha...
Não sei, se por ter passado mais um mês ou se pelo outro alguém que voltou a dizer de si...
Posso dormir e avançar no tempo?!
Às vezes apetecia-me, mas não posso!
Esta é a realidade que tenho agora... e não a podendo mudar, vivo-a! Se a vivo bem, não sei...
Que posso eu fazer se tenho saudades do pai e desse alguém que muda sempre tudo em mim!?

Enfim, passou mais um mês, mas ao mesmo tempo este também é o mês da mudança de vida...
Começou uma nova etapa por terra dos templários...
Quem sabe em breve não estará por aqui descrita parte dela...


domingo, 17 de maio de 2009

O Patusco

Hoje quero falar do Patusco!


O Patusco, que já foi chamado Patusca, é o gato do meu irmão.
Apareceu lá por casa uma semana após o meu pai ter falecido. O meu irmão e nós todos sempre achamos que o meu Pai o tinha mandado para nós...
Não sei se faz muito sentido este sentimento, mas é o que parece...
No inicio, achavam que era uma gata e por isso se chamava Patusca... Mas entretanto, o bicho foi crescendo e começamos a perceber que afinal era um macho... ficou então Patusco!
O Patusco lá anda, tem uma vida de lorde!
Só come peixinho que a minha mãe manda e que a minha cunhada desfia para ele...
Enfim, tem vida de gato é o que é!
Mas o mais interessante para nós, e o que nos faz pensar que ele foi mesmo enviado pelo meu Pai é o facto de ele gostar imenso de dormir na Toyota, a nossa carrinha, exactamente no lugar do condutor, onde o meu pai tantas vezes se sentou...
Lá fica ele, tempos infinitos a dormir e sem ligar nenhuma a ninguém!
Mal apanha a carrinha aberta lá vai ele... salta lá para dentro e lá fica... a dormir e apanhar sol!
Talvez, esta só seja uma maneira de superarmos a dor... de canalizar para o animal os sentimentos, mas o certo é que ele é muito mimado... por todos!
É o centro das nossas atenções...
No entanto, isso não apaga as saudades... e acho que não apagará nunca...




quarta-feira, 15 de abril de 2009

6 meses...

Hoje passam 6 meses...
Esta é uma sensação estranha, tão estranha...
Chatiei-me com a mãe e quis que tivesse sido eu a partir em vez do meu pai...
Talvez fosse melhor para todos, se assim tivesse sido...
Mas essa ideia já passou... descanse quem ler...
Vivemos o Tempo de Páscoa!
Na Páscoa do ano de 2008, na celebração de quinta-feira santa, o prior convidou o meu pai a participar na celebração de uma forma especial, lavando-lhe os pés...
Pois é, foi a despedida do meu pai...
Aliás, acho que cada dia foi sendo uma despedida!
É tão complicado recordar todos os momentos que passaram...
É impressionante, como eu e o meu irmão sentimos que era a despedida e por isso quisemos fazer com ele a viagem ao norte!
As pessoas que nos acompanharam, ficaram felizes que tivessemos ido, mas nós cá dentro sabíamos que não íamos voltar a fazer aquele tipo de viagens.
Como se costuma dizer: meu dito, meu feito!
E agora, alguém me explica como se vive!?
Não vale a pena tentar, porque a resposta vou tendo dia apos dia...

E assim, passaram 6 meses e parece que foi ontem!

15 Abril 2009
Santa Páscoa!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Saudades...

Hoje uma amiga minha soube que ia ser mãe de um rapaz!
Fico tão feliz! Disse-lhe que ia ser um menino e é mesmo!
Olho para mim e não me vejo grávida e com um filho nos braços... Há quem diga que é por ainda não ter construído uma relação.
Talvez, seja verdade não sei!
O certo é, que não me parece que tenha muita sorte no amor...
Quando eu gosto, ele não gosta e por isso agora não sei nada...
Acho que andei a fugir muito tempo da verdade!
Por diversas vezes, senti que o projecto de Deus para comigo era para me consagrar a Ele. Mas o certo, é que parece que Ele me está sempre a trocar as voltas...
Como se costuma dizer, Deus escreve certo por linhas tortas.
Neste sentido, parece que Ele quer construir comigo outro projecto... agora quem vai partilhar comigo esse projecto é que eu não sei...
Aqui fica mais uma interrogação!

Voltando à maternidade...
Fico tão feliz pela minha amiga!
Imaginei-me também com um bebé... mas depois penso que o meu pai nunca o vai poder conhecer... nunca vai ouvir a sua voz...
Volto à sua voz...
Continuo sem conseguir me lembrar da voz dele!
Sinto-me triste... triste por não conseguir lembrar-me de algo tão simples...
Às vezes, gostava de perceber o porquê destas coisas, mas já sei que não vale a pena...
Sinto saudades do meu pai...
Queria que ele estivesse aqui...
Morangos!
É o meu fruto preferido!
Geralmente, só existem numa determinada altura do ano, mas o certo, é que o meu pai no ultimo ano de vida, trouxe-me morangos todas as semanas. Umas vezes mais outras menos, uns maiores outros mais pequenos, mas quase todas as semanas eu comi morangos... Ele planto-os, no Vale de Casalinho, é a nossa fazenda do pinheiro, e lá ia regá-los todas as semanas... Trazia-os todas as semanas e depois dizia que eu não os comia... Aliás, dizia que eu não comia fruta nenhuma!
Ao contrário, ele sempre comeu muito bem fruta! Podia não conseguir comer mais nada, quando estava mais doente, mas fruta ele sempre comeu muito bem...
Agora, já não... Agora, parece que já não há nada...
Quero o meu PAI!
Tenho saudades...


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Voz

Hoje quero falar da voz.
A voz do meu pai.
Fecho os olhos e tento ao máximo recordar-me da sua voz... Mas parece-me tão difícil...
É impressionante, como no espaço de três meses, parece que me esqueci da voz que ouvi ao longo de 24 anos...
Acredito que não me esqueci, apenas agora tenho a cabeça cheia de demasiados sons e, por isso, não me consigo lembrar.
Hoje, voltei a ver o power point que fiz, quando os meus pais fizeram 30 anos de casados.
Ainda ninguém o viu!
Não consegui a acabar a tempo, para o meu pai o ver... Mas ainda assim, não desisti de o terminar. Talvez, no próximo verão já esteja completo e possa então ser apresentado.
É estúpido, como tantas vezes, esquecemos de dar estes mimos aos outros e quando damos por isso, já é tarde de mais!
Fecho de novo os olhos, para tentar ouvir a voz do meu pai...
Faz-me falta ouvir a sua voz...
Quem sabe um dia...


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

90 dias

E se tu soubesses que... começa hoje...
Na verdade, já começou há muito tempo a vontade de poder escrever sobre isto e aquilo e sobre aqueloutro...
E se tu soubesses que começa, precisamente, no dia em que passam 90 dias em que o meu pai partiu. Precisava de assinalar esta data...
Passaram três meses, mas ainda hoje parece que vivo aqueles dias...
Se me perguntam, se estou triste?!
Estou e não estou... É estranho, eu sei! Afinal, eu sou estranha!
Estou triste, porque sinto a falta dele, porque sei que ele já não está presente numa série de acontecimentos, não está na minha vida... fisicamente...
No entanto, saber que ele já não sofre e que está junto do Pai do Céu, é sem duvida um reconforto muito grande!
Aliás, foi a certeza de que ele ia estar melhor, que me fez conseguir deixar parti-lo!
Não é que ele não partisse da mesma forma, mas foi essa certeza que me fez aceitar a sua morte.
Como é que se vive tudo isto?!
Simplesmente, vivendo e acreditando n'Ele!

15 Janeiro 2009