sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Até ao céu!

Até ao céu! - Foi a ultima frase dita há 8 anos atrás!
Passam hoje 8 anos, desde a ultima vez que te vi, Pai! 
8 anos desde as ultimas palavras que te disse!
Sabia, na tarde daquele dia 14, que era a ultima vez que te via com vida. Sentia dentro de mim, que tinha chegado a tua hora de descanso. Espero que tenhas ouvido... sei que ouviste... Já não falaste, mas sei que sentiste aquela despedida. A luta do guerreiro estava a terminar! A tua luta...
Foram três anos de luta intensa e constante... lutaste, lutaste, lutaste! Quisestes dominar e vencer o cancro, mas ele galopava, dando em alguns momentos descanso, sabíamos desde o inicio que era difícil. Foste um guerreiro! Um vencedor! Mesmo partindo, foste um vencedor! Da tua boca não se ouviram queixas ou lamurias, apenas naquela ultima semana, deste sinais de fraqueza... a doença estava a roubar-te a vida...
Gostava que estivesses aqui a meu lado! Que me visses agora! Que acompanhasses esta nova fase da minha vida... Gostava que vivesses!
Estás comigo, EU SEI!!! Estás comigo, não tenho duvidas. Sei que junto do Pai, me ajudaste a subir do abismo, onde havia caído. Fico a pensar o que sentiste em relação a tudo isso... Sei que Ele te pôs a conduzir a minha vida, para que eu percebesse qual era o meu verdadeiro caminho... Como podia ser de outra forma?! Quem parte, passa a ter essa missão especial de ser os braços de Jesus a guiar-nos no caminho... Tenho certo!
Passam 8 anos, desde que te disse que gostava muito de ti, talvez que te amava. Disse-te até ao céu, lá podias finalmente descansar. Não foi fácil. Creio que ainda não é fácil! É sem duvida uma graça maior, poder avançar no caminho... Sozinha era demasiado difícil, a força vem do ALTO!
Esforço-me por recordar a tua voz, mas já não sou capaz. Fico triste por a ter esquecido. Dou comigo a pensar que nunca mais voltei, nem voltarei a dizer PAI. Nada posso fazer para mudar essa verdade. Tive a graça de o poder fazer durante quase 24 anos da minha vida. Agora digo-o para mim, não mais para ti... Digo-o e não há retorno... pelo menos o habitual... Sinto falta, a tua falta!
Aí onde estás, ouve-me: 
Amo-te muito Pai! Obrigada por cuidares de mim! Sim, já sou uma crescida, mas ainda sou a tua menina! Continua a cuidar de mim, peço-te! Beijo grande e até ao céu! Descansa em paz!

A tua,

Ana M.