domingo, 4 de dezembro de 2016

Em contagem decrescente...

É assim, está quase...
Não queria pensar nisso, queria que um dia acontecesse de cada vez, mas é difícil!
Habita em mim um nervoso miudinho, uns dia é mais forte que outro, não é igual todos os dias...
Está quase a chegar o dia, o grande dia, em que serei plenamente Tua, pelo menos oficialmente. Pois no coração há muito que já o sou!
Imagino aquele dia, os passos que irei dar, os gestos que irei fazer, as palavras que irei pronunciar... Oh! Como tudo me deixa sem reacção... a partir daquele dia, tudo passa a ser diferente.
Já não sou mais do mundo, mas estarei no mundo. A minha casa vai ser onde Tu quiseres que seja. A minha família a que me quiseres dar! Desejo ser o que Tu queres que eu seja!
Sabes, aqui dentro está algum medo... medo de não conseguir avançar, medo de não ser capaz, medo... Mas o mais importante é o que faço com esse medo! Tal como há dois anos, alguém me disse: ou ficas no medo ou usas o medo para avançar! Eu escolho avançar! Não me detenho no medo! Uso-o para caminhar para prosseguir o caminho, aquele que Tu desejas para mim!
Meu doce e amado Jesus, como Te amo!
Como suspiro por ser inteiramente Tua! Como quero que tudo em mim Te pertença!
Oh! Senhor, meu doce e terno amado! Ajuda-me a ser cada vez mais de Ti, a entregar-Te tudo o que tenho e sou. Nada quero para mim, porque apenas Tu me preenches por completo!
Ajuda-me em cada dia a dizer meu sim, a permanecer fiel e a amar-Te! Sei que amando-Te amarei todos os outros e outras que me vais dar por companheiros de viagem!
Senhor, eu amo-Te, mas aumenta o meu amor!
Senhor, eu creio em Ti, mas aumenta a minha fé!
Senhor, eu confio em Ti, mas aumenta a minha confiança!
Faça-se sempre me minha vida
segundo a Tua palavra!

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Até ao céu!

Até ao céu! - Foi a ultima frase dita há 8 anos atrás!
Passam hoje 8 anos, desde a ultima vez que te vi, Pai! 
8 anos desde as ultimas palavras que te disse!
Sabia, na tarde daquele dia 14, que era a ultima vez que te via com vida. Sentia dentro de mim, que tinha chegado a tua hora de descanso. Espero que tenhas ouvido... sei que ouviste... Já não falaste, mas sei que sentiste aquela despedida. A luta do guerreiro estava a terminar! A tua luta...
Foram três anos de luta intensa e constante... lutaste, lutaste, lutaste! Quisestes dominar e vencer o cancro, mas ele galopava, dando em alguns momentos descanso, sabíamos desde o inicio que era difícil. Foste um guerreiro! Um vencedor! Mesmo partindo, foste um vencedor! Da tua boca não se ouviram queixas ou lamurias, apenas naquela ultima semana, deste sinais de fraqueza... a doença estava a roubar-te a vida...
Gostava que estivesses aqui a meu lado! Que me visses agora! Que acompanhasses esta nova fase da minha vida... Gostava que vivesses!
Estás comigo, EU SEI!!! Estás comigo, não tenho duvidas. Sei que junto do Pai, me ajudaste a subir do abismo, onde havia caído. Fico a pensar o que sentiste em relação a tudo isso... Sei que Ele te pôs a conduzir a minha vida, para que eu percebesse qual era o meu verdadeiro caminho... Como podia ser de outra forma?! Quem parte, passa a ter essa missão especial de ser os braços de Jesus a guiar-nos no caminho... Tenho certo!
Passam 8 anos, desde que te disse que gostava muito de ti, talvez que te amava. Disse-te até ao céu, lá podias finalmente descansar. Não foi fácil. Creio que ainda não é fácil! É sem duvida uma graça maior, poder avançar no caminho... Sozinha era demasiado difícil, a força vem do ALTO!
Esforço-me por recordar a tua voz, mas já não sou capaz. Fico triste por a ter esquecido. Dou comigo a pensar que nunca mais voltei, nem voltarei a dizer PAI. Nada posso fazer para mudar essa verdade. Tive a graça de o poder fazer durante quase 24 anos da minha vida. Agora digo-o para mim, não mais para ti... Digo-o e não há retorno... pelo menos o habitual... Sinto falta, a tua falta!
Aí onde estás, ouve-me: 
Amo-te muito Pai! Obrigada por cuidares de mim! Sim, já sou uma crescida, mas ainda sou a tua menina! Continua a cuidar de mim, peço-te! Beijo grande e até ao céu! Descansa em paz!

A tua,

Ana M.

sábado, 25 de abril de 2015

Princesa...

Sabes para mim és a minha princesa!
Sim, és minha princesa ainda antes de saberes que existias... e continuas a ser mesmo depois de teres partido.
Amei-te, quando ainda não te conhecia.
Sonhei contigo!
E com todas as coisas que faria contigo...
Soube que virias, apenas não sabia quando...
Acredita, quis tanto, mas tanto a tua vinda!
Desejei-te com mais ínfimo da minha alma, assim como desejei o pequeno príncipe.
Mas Deus não permitiu que te conhecesse... que brincasse contigo... que te visse crescer... chamou-te ainda antes de teres conhecido este nosso mundo.
Os anjos partem depressa, depressa demais...
Agora és um anjo que junto d'Ele vela por nós!
Peço-te que cuides dos teus papás e mano, que muito sofrem a tua ausência. Só tu junto do Pai e do Filho os podes ajudar a superar a tua partida. As nossas palavras aqui de nada valem...
És uma princesa anjo... o teu nome será sempre de princesa, meu pequeno anjo!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Teresa de Saldanha: «Exemplo raro de persistência de fé e obras»

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Neste ano, dedicado pelo papa Francisco à vida consagrada, apraz-nos recordar Teresa de Saldanha (Lisboa, 1837-1916), que, nascendo e vivendo num tempo difícil para a Igreja em Portugal, ousou desafiar as leis vigentes e fundou, na clandestinidade, uma congregação, com o objetivo de evangelizar Portugal e de proporcionar a outras jovens o seguimento de Jesus na vida religiosa.
Efetivamente, três anos antes do seu nascimento, em 1834, os conventos tinham sido fechados e os religiosos expulsos. Em Lisboa, a sua cidade natal, grassava a fome, as epidemias, a ignorância, o analfabetismo, a exploração das mulheres e crianças nos trabalhos fabris.
A sua obra nasceu no Bairro de Alfama, um dos mais pobres e populosos de Lisboa, mas foram mais de trinta os locais da capital abrangidos pela sua ação evangelizadora e de promoção. E a sua obra rapidamente se estendeu de norte a sul do país.
Os últimos patriarcas de Lisboa referiram-se a Teresa de Saldanha, reconhecendo o seu carisma, a sua santidade.
D. Manuel Cerejeira, em 1939, declarou: «Madre Teresa de Saldanha é a glória da Ordem Dominicana, em Portugal.»
D. António Ribeiro sintetizou o seu carisma profético, numa homilia de 1987: «Sendo rica, sobretudo em bens de cultura e linhagem de nascimento, não receou fazer-se pobre por amor dos pobres. Logo na juventude, dedicou-se com entusiasmo à Associação Protetora das Meninas Pobres, da Rua de Santa Marta, onde exerceu relevante atividade. E mais tarde, quando pensa fazer-se religiosa, é sempre o serviço dos pobres que a seduz. Deseja uma congregação voltada para a promoção dos mais desfavorecidos.
«Ela própria assim escreve: “Em Lisboa nada existia, nesse tempo, de comunidades religiosas dedica das à vida ativa; nem Hospitaleiras, nem Doroteias; as Irmãs de Caridade francesas tinham sido expulsas; portanto, a falta tão grande de uma congregação que se dedicasse ao serviço dos pobres e educação de crianças fez-me desejar imenso trabalhar para realizar o meu sonho, o que assim parecia nesse tempo semelhante plano, pelas dificuldades que se julgavam invencíveis"».
A história das Dominicanas de Santa Catarina de Sena diz como o sonho se realizou e as dificuldades se venceram. Desde o começo, as irmãs cuidaram dos doentes, dos diminuídos, dos marginalizados, e ofereceram educação e instrução a numerosas gerações de poucos haveres.
E, mesmo quando a fundadora decidiu abrir os seus colégios a alunas mais abastadas, fê-lo a pensar nos pobres, pressentindo, justamente, que não é possível promover os mais desfavorecidos sem converter os ricos, sem formar mulheres e homens novos, de coração aberto aos clamores da pobreza e da miséria moral e material.»
D. José da Cruz Policarpo, na Sessão de Clausura do seu Processo Diocesano, a 17 de novembro de 2001, reconheceu que «com a sua vida e virtudes, Teresa de Saldanha iluminou a sociedade e a Igreja do seu tempo, como exemplo vivo do amor de Deus e do próximo. Cremos que pode continuar a brilhar e a interceder não só nesta Igreja de Lisboa, que ela amou, mas em toda a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo de quem ela hoje é santa.»
D. Manuel Clemente conhece bem a vida desta católica de Lisboa e escreveu diversos artigos acerca dela. Citamos este pequeno testemunho, de 22 de novembro de 1999:
«É importante apresentar Teresa de Saldanha como um exemplo raro de persistência de fé e obras, de afirmação da sua vocação religiosa feminina. É de uma convicção e persistência pouco vulgares, vai para a frente, apesar de grandes resistências de muitas partes.
«A época era muito difícil para as mulheres que desejavam seguir a vida religiosa. Persistir na vocação, naquele tempo, era heroico. Considero a sua canonização muito oportuna porque é um modelo para todos os fiéis».
O seu processo de canonização decorre em Roma, e algumas cidades de Portugal e do Brasil quiseram perpetuar a sua memória, dando o seu nome a ruas, casas e instituições.
Neste Ano Jubilar, a Congregação pretende olhar com gratidão a sua vida e obra e fazer memória da sua entrada no Reino, ocorrida no dia 8 de janeiro de 1916. Quer ainda, com esta lembrança agradecida do passado, escutar o que Espírito lhe diz, hoje, e abraçar o futuro com esperança, nos diversos lugares onde a sua chama carismático-profética ilumina a sociedade: Albânia, Angola, Brasil, Moçambique, Paraguai, Portugal e Timor-Leste.
O Ano Jubilar terá início no dia 11 de janeiro de 2015, com uma celebração da Eucaristia em Lisboa, na igreja de S. Domingos, na Baixa, às 11 horas, e terminará no dia 9 de janeiro de 2016 (um dia após o centenário da morte de Teresa de Saldanha), numa grande celebração, em Fátima, inserida num encontro internacional.
Proveniente de uma família nobre, Teresa nasceu no Palácio da Anunciada, na Rua das Portas de Santo Antão, em Lisboa.
A mãe teve um papel preponderante na sua orientação, primeiro na vertente educacional proporcionando-lhe o ensino de línguas, música e arte, e na dimensão religiosa, iniciando-a na prática da misericórdia através da Associação de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, que fundou em 1848 com o intuito de prestar socorro às famílias que viviam na pobreza.
Em 1855, com dezoito anos, ao pintar o "Ecce Homo", Teresa sentiu o primeiro apelo místico e fez voto de castidade; um ano mais tarde redigiu um escrito onde declarou claramente a sua opção de exclusividade a Deus e ao serviço dos pobres.
Dirigiu o Colégio de Santa Marta para Meninas Pobres, apoiado pelas Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo que se encontravam em Portugal exercendo a sua missão de atender aos pobres e desprotegidos.
Em 1859, fundou, em Lisboa, com algumas amigas, e dirigiu durante toda a sua vida a Associação Protetora das Meninas Pobres, com estatutos aprovados pela Santa Sé, a 21 de Abril de 1863. Esta associação está na origem da fundação da Congregação das Dominicanas de Santa Catarina de Sena, fundada em 1868.
Teresa dedicava-se à educação de crianças pobres e à alfabetização e promoção de raparigas operárias através de aulas externas. Em 1862, as religiosas francesas foram expulsas de Portugal e Teresa, inconformada, lutou contra esta lacuna assistencial. Foi a primeira mulher fundadora em Portugal após a extinção das ordens religiosas.
Distinguiu-se na pintura, tendo aprendido com Tomás José da Anunciação, e revelou talento para pintar paisagens, retrato ou motivos profanos, a par da preferência pela iconografia religiosa.
Faleceu com fama de santidade aos 78 anos, despojada dos seus bens, que lhe tinham sido retirados com a implantação da República.
À data da sua morte erigira  27 comunidades religiosas em Portugal (17), Brasil (6), Bélgica (1), EUA (2) e Espanha (1).
Decorre atualmente o seu processo de canonização, que abriu em Portugal no ano de 1999 e encerrou em 2001; no ano seguinte a documentação foi entregue no Vaticano.
A ação da congregação que fundou, presente hoje em Portugal, Brasil, Angola e Moçambique, incide na educação feminina e de crianças, serviço aos pobres, assistência e ensino a deficientes e invisuais, auxílio a doentes e idosos e promoção social da infância e juventude, bem como na evangelização.
Da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena nasceram dois ramos: em 1931 a vida contemplativa (Mosteiro de Nossa Senhora da Eucaristia, Lamego) e em 1952 a Congregação de Vida Apostólica, Dominicanas de Kenosha, EUA.
A Associação Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, sediada no Convento dos Cardaes, em Lisboa, é hoje uma instituição particular de solidariedade social que cuida de pessoas cegas e com várias deficiências.
Uma comunidade de religiosas de Santa Catarina de Sena vive neste espaço, cuidando, a tempo inteiro, das 38 senhoras com deficiência, contando com a ajuda de técnicas, auxiliares e de voluntárias externas para as diversas atividades. 
A Associação é também responsável pela administração, conservação do património e animação cultural do Convento dos Cardaes.
A congregação tem outras «casas de assistência», bem como «comunidades de inserção», «comunidades de acolhimento», creches e jardins de infância, além de se dedicar ao ensino através de estabelecimentos educativos.
Em 2012, a Editorial Cáritas lançou o livro "Teresa de Saldanha - A obra sócio-educativa", de Helena Ribeiro e Castro, que o historiador António Matos Ferreira classifica de «primeiro estudo em profundidade» sobre a religiosa e que possui «inegável atualidade e originalidade».
A «singularidade» de Teresa de Saldanha, «sobretudo conhecida como católica, proveniente do círculo mais elevado da sociedade liberal com intuitos reformadores» não deriva apenas «de questões de método ou de novidades didáticas», assinala o investigador.
«A escolha de uma dedicação aos outros» foi «alimentada por uma fortíssima devoção eucarística»: «A prática da comunhão frequente, pouco comum à época, significava uma disciplina interior cuja vivência respeitava o procedimento assumido na sua vida pessoal e na relação de envolvimento com os que estavam à sua volta», explica Matos Ferreira no prefácio.
A ação de Teresa de Saldanha, salienta, «não pretendia a revolução societária enquanto mudança política, mas assentava em algo que dizia respeito à questão da consciência e às decorrentes práticas, no sentido objetivo da utilidade: educar para mudar, mudar para socorrer os aflitos e os necessitados, com particular atenção ao feminino».
Fontes: Revista "Vida Consagrada" (dezembro 2014); Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, Convento dos Cardaes, Editorial Cáritas 
Edição: Rui Jorge Martins 
Publicado em 07.01.2015

Artigo publicado em: http://www.snpcultura.org/teresa_de_saldanha.html
Para conhecer mais sobre Teresa de Saldanha e a sua obra:


E assim se dá inicio do Jubileu de Teresa de Saldanha e da Congregação. 100 anos da sua morte e 150 da fundação.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Advento

Estamos na segunda semana do Advento!
Este é o tempo em que preparamos a vinda de Deus, que se faz menino no meio de nós!
Esta menino nascido pobremente há dois mil anos, pede para nascer de novo nos nosso dias, em nossas casas, sobretudo no nosso coração!
Lá fora, oiço o burburinho típico de quem já começa a preparar as coisas supostamente necessárias para o receber... há que pensar onde vai ser o jantar de natal, o que se vai comer, os doces a fazer, as prendas a dar... mas Ele só quer nascer no nosso coração e não pede mais que isso!
E o que se faz para preparar o coração? O que realmente é necessário?!
Agora não me preocupo com as prendas ou o jantar, isso acontecerá naturalmente... mas quero senti-lo a nascer dentro de mim! Quero fazer silêncio no meu coração e escutar as suas palavras, deixar-me apaixonar por Ele e ama-Lo, simplesmente AMA-LO! É apenas isso que Ele pede, que o amemos!
Quero derrubar os muros que cercam o meu interior e perceber o quão grande é o menino que nasce. E que muros tão grandes me cercam... não, não são muros feitos de tijolo e cimento, mas são as preocupações, são o não deixar-me estar à espera, o querer fazer mil e uma coisas, quando apenas uma é necessária, contempla-lo!
Observo o Menino Jesus que me acompanhou em Timor e vejo-o tão despojado de tudo, como é tão simples olhar para ele e deixar-me estar como que a embala-lo... Ele olha-me de braços abertos como que a pedir-me colo e a dizer: "vem cá, abraça-me só te peço isso abraça-me! Deixa-me repousar nos teus braços e não penses em mais nada. Deixa que Eu farei o resto, desde que confies em mim eu farei o resto!"
É assim que quero viver este tempo de Advento! Quero "acariciar o meu ventre" como a mãe que espera ansiosamente o nascimento do seu filho, permanecendo em oração silenciosa. Só assim sei que Ele realmente vai nascer de novo no meu coração.