As Jornada Mundiais da Juventude foram um recarregar de baterias a todos os niveis, o Espiritual acima de tudo, como se compreende.
Desde que soube que as JMJ 11 iam ser em Madrid eu disse que queria lá estar! Só mesmo se não conseguisse os dias de férias é que não ia! Assim, a boa vontade de todos permitiu que eu pudesse estar neste magnifico evento, que reuniu perto de 2 milhões de Jovens! Sim, éramos 2 milhões! Até custa a acreditar, mas a verdade é que éramos muitos!
Os meses que antecederam as JMJ foram vividos numa grande ansiedade, cada dia que passava a ansiedade aumentava! Eu sentia que precisava de lá estar para ganhar uma nova vida!
No entanto, os dias antes da minha partida ficaram marcados por uma noticia triste. A minha prima S que ficou doente quase ao mesmo tempo do meu Pai, estava numa fase terminal da doença que à um ano tinha voltado. Quando a M me ligou a dizer que ela estava no hospital, as lágrimas teimaram em cair e a interromper as minhas palavras de força... Senti nesse momento que tinha de a ir ver ao hospital. Era algo que eu não conseguia explicar, eu tinha de ir! E naquele sábado dia 6, eu fui! Ela lá estava a dormir, descansando. Quando a vi, voltei a ver o meu pai naquela mesma condição. A imagem dela era a mesma. Um corpo sofrido, magro, esperando que Deus a viesse buscar... Não chorei diante dela, nem do J, nem da minha S. Dei-lhes a força que tinha e que podia, falei com Ele e pedi que a viesse buscar, que cuidasse do pequeno D e de todos... Falei com o meu Pai e pedi que se encontrassem lá em cima... Enfim...
Quando me despedi deles e desci o elevador do hospital, as lágrimas sairam a toda a velocidade... E aos poucos me fui recompondo para retornar a casa... Foi esta a ultima vez que vi a S!
Na véspera da minha partida, quando terminávamos o jantar da minha despedida, chegou a noticia que tinha esperado durante duas semanas: a S tinha falecido naquele fim de tarde, enquanto eu e a mãe estávamos na missa, ela partiu para o Pai. Naquele momento houve uma mistura tão grande de sentimentos, por um lado alivio, por outro a tristeza porque ela partiu ainda tão nova... Foi um mudar os planos à ultima da hora que tinham sido feitos... mas uma coisa era certa, aquele ardor que eu tinha sentido não foi por acaso! Eu tive que a ir ver ao hospital, pois não a ia poder acompanhar na morte, nem estar com os meus primos naquele momento de dor... Eu não estava, mas a minha mãe e o meu mano estiveram lá e eu no pensamento também!
Dia 15 de manhã, parti de expresso rumo a Lisboa para dai partir rumo a Madrid, junto com o VTS inseridos na Familia Dominicana! Eu que tanto tinha ansiado aquele dia, agora sentia-me dividida, porque queria ir dar aquele abraço e dizer eu estou aqui para o que precisares. Mas por outro lado, partir rumo a Madrid era impensável não o fazer... Fi-lo! Parti! Mas a cabeça ficou em Lisboa!
Estranha esta situação, porque se antes eu tinha a cabeça em Madrid e estava aqui, agora que partia o espirito ficava todo em Portugal!
Chegámos a Madrid ao fim do dia 15. Chegámos ao colégio onde ficamos instalados e foi hora de começar a preparar o corpo e o espirito para os dias que se advinhavam! Esta era uma realidade nova para mim, porque em Colónia 2005 ficámos em casa de Familias, por isso, tivemos muitos mimos que agora não houve direito. Por outro lado, agora houve outros laços que se criaram que não teriam acontecido de outra maneira.
E depois, dormir na rua, porque dentro do pavilhão está imenso calor, é sem duvida uma sensação e pêras! Ali não houve água quente, nem cházinho ao chegar a casa. Mas sim, um duche de água fria e um belo céu estrelado como tecto! E que é melhor que isto!? Só mesmo sentir que não somos os unicos a acreditar n'Aquele que nos dá a vida!
(Continua...)